terça-feira, 1 de março de 2011

O 3º ano foi ao teatro...

“Felizmente Há Luar”
Pelo Teatro Experimental do Porto
Alunos do 3º ano assistem à peça de Luís de Sttau Monteiro

No dia 7 de Fevereiro de 2011, os alunos do 3º ano da Escola Agrícola Conde S. Bento, deslocaram-se ao Auditório Municipal de Gaia para assistir à peça “ Felizmente Há Luar” de Luís de Sttau Monteiro, com encenação de Cláudio da Silva, pelo Teatro Experimental do Porto.
Esta peça tem como cenário o ambiente político dos inícios do século XIX. O rei, D. João VI, aquando da primeira invasão em francesa 1807, fugira para o Brasil. Em 1817, uma conspiração, encabeçada por General Gomes Freire de Andrade, que pretendia o regresso do Brasil do e que se manifestava contrária à presença inglesa, foi descoberta e reprimida com muita severidade: os conspiradores, acusados de traição à pátria, foram queimados publicamente e Lisboa foi convidada a assistir...
No entanto, a peça marca também posição, pelo conteúdo fortemente ideológico, como denúncia da opressão que se vivia na época em que foi escrita (1961), sob a ditadura de Salazar.
O recurso à distanciação histórica e à descrição das injustiças praticadas no início do século XIX, em que decorre a acção, permitiu a Luís de Sttau Monteiro colocar em destaque as injustiças ocorridas durante o Estado Novo.
A peça divide-se em dois actos: no primeiro, os governadores do reino tentam por todos os meios encontrar o líder da conspiração, para que, servindo de bode expiatório, seja condenado e executado exemplarmente de modo a deixar claro o destino de quem ousasse contestar o regime; na segunda parte assistimos às súplicas de Matilde, a mulher do General, que, desesperada, tenta salvar o seu marido, fazendo ver a injustiça da sua condenação. No entanto, os governadores mostram-se irredutíveis e o General é executado.
A morte do general, contudo não é em vão, uma vez “felizmente havia luar” e todos puderam “lavar os olhos” no clarão daquela fogueira que invadiria o mundo e serviria de inspiração aos liberais nas lutas iniciadas em 1820.
O TEP, com esta nova encenação, tentou inovar e dar uma roupagem diferente à peça. No entanto, nem sempre inovar é sinónimo de melhorar! Há liberdades que são legítimas em termos de encenação, mas estas não devem desvirtuar a essência do texto. Esta tentativa revelou-se contraproducente, pois mesmo o público jovem notou certos exageros que não se coadunavam com o espírito do texto.
No cômputo geral, esta ida ao teatro foi bastante positiva, uma vez que serviu de motivação para o estudo da peça e para a consolidação dos conteúdos já leccionados. De igual modo contribuiu para fomentar o espírito crítico e desenvolver o sentimento de pertença a esta nossa comunidade cultural e linguística.
José Luís Serafim

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